terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Um mar longe move no meu ouvido - ou a beleza no desespero: Sylvia Plath



Morning Song


Love set you going like a fat gold watch.
The midwife slapped your footsoles, and your bald cry
Took its place among the elements.

Our voices echo, magnifying your arrival. New statue.
In a drafty museum, your nakedness
Shadows our safety. We stand round blankly as walls.

I'm no more your mother
Than the cloud that distills a mirror to reflect its own slow
Effacement at the wind's hand.

All night your moth-breath
Flickers among the flat pink roses. I wake to listen:
A far sea moves in my ear.

One cry, and I stumble from bed, cow-heavy and floral
In my Victorian nightgown.
Your mouth opens clean as a cat's. The window square

Whitens and swallows its dull stars. And now you try
Your handful of notes;
The clear vowels rise like balloons.


Silvia Plath



Canção da Manhã


O amor te deu corda feito um gordo relógio dourado.
A parteira estapeou a sola de teus pés e teu choro calvo
Teve seu lugar entre os elementos.

Nossas vozes ecoam, magnificando tua chegada. Nova estátua.
Num projetado museu, tua nudez
Encobre nossa segurança. Estamos em torno vazios como paredes.

Não sou mais tua mãe
Que a nuvem que destila um espelho para refletir a própria lenta
Obliteração nas mãos do vento.

Noite toda teu fôlego-de-traça
Adeja entre o plano das rosas rubras. Acordo para escutar:
Um mar longe move no meu ouvido.

Um choro, e soergo-me da cama, vaca-pesada e floral
Em minha camisola vitoriana.
Tua boca abre-se limpa como a de um gato. O quadrado da janela

Murcha e incha as baças estrelas. E agora tentas
Tua mancheia de notas;
As claras vogais erguendo-se como balões.

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