sábado, 17 de fevereiro de 2007

A mágoa como cachorro: Denise Levertov




Talking to Grief

Ah, Grief, I should not treat you

like a homeless dog
who comes to the back door
for a crust, for a meatless bone.
I should trust you.

I should coax you
into the house and give you
your own corner,
a worn mat to lie on,
your own water dish.

You think I don't know you've been living
under my porch.
You long for your real place to be readied
before winter comes. You need
your name,
your collar and tag. You need
the right to warn off intruders,
to consider
my house your own
and me your person
and yourself
my own dog.


Denise Levertov


Falando à Mágoa


Ah, Mágoa, não te devo tratar
como um cão sem dono
que vem à porta dos fundos
pruma migalha, prum osso descarnado.
Tenho que te dar crédito.

Devo adular tua entrada
em casa e te oferecer
teu próprio canto,
um capacho gasto pra jazer,
teu depósito de água.

Tu pensas que não sei que tens vivido
sob minha soleira.
Tanto esperaste por teu lugar refeito

antes do inverno chegar. Precisas
do teu nome,
coleira, crachá. Precisas do direito
de advertir intrusos,
de considerar
tua a minha casa
e a mim tua dona
e tu minha

cachorra.



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