sábado, 24 de fevereiro de 2007

O coração também como filme-b: O'Hara



My Heart


I'm not going to cry all the time
nor shall I laugh all the time,
I don't prefer one "strain" to another.
I'd have the immediacy of a bad movie,
not just a sleeper, but also the big,
overproduced first-run kind. I want to be
at least as alive as the vulgar. And if
some aficionado of my mess says "That's
not like Frank!", all to the good! I
don't wear brown and grey suits all the time,
do I? No. I wear workshirts to the opera,
often. I want my feet to be bare,
I want my face to be shaven, and my heart--
you can't plan on the heart, but
the better part of it, my poetry, is open.

Frank O’hara



Meu coração


Não vou chorar o tempo todo
nem devo rir o tempo todo,
não prefiro um “cordel” ao outro.
Ficaria com o imediatismo de um mau filme,
e não só um filme-b, mas também o do tipo grande,
superproduzido, competitivo. Eu queria ser
ao menos tão vivo quanto o vulgar. E se
algum aficionado do meu troço disser “Aquilo
não parece Frank!”, tanto melhor! Eu
não uso ternos marrons e cinzas o tempo todo,
uso? Não. Uso camisas de expediente na ópera,
com freqüência. Eu quero meu pé descalço,
meu rosto barbeado, e meu coração—
não se pode planejar no coração mas
a melhor parte dele, minha poesia, aberta.




Nota: sleeper, 5º verso, é na verdade gíria (slang) e designa um filme de baixo orçamento. Um filme B.

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