sexta-feira, 6 de abril de 2007

Deter ou não a mão do crupiê: Sexton


Manta mortuária peruana, circa sec. II a. C.



Lament

Someone is dead
even the trees know it,
those poor old dancers who come on lewdly,
all pea-green scarfs and spine pole.
I think…
I think I could have stopped it,
if I’d been as firm as a nurse
or noticed the neck of the driver
as he cheated the crosstown lights;
or later in the evening,
if I’d held my napkin over my mouth.
I think I could…
if I’d been different, or wise, or calm,
I think I could have charmed the table,
the strained dish or the hand of the dealer.
But it’s done.
It’s all used up.
There’s no doubt about the trees
spreading their thin feet into the dry grass.
A Canada goose rides up,
spread out like a gray suede shirt,
honking his nose into the March wind.
In the entryway a cat breaths calmly
into her watery blue fur.
The supper dishes are over and the sun
unaccostumed to anything else
goes all way down.

Anne Sexton


Lamento

Alguém está morto
até as árvores o sabem,
essas pobres dançarinas que se achegam lúbricas,
todas estola verde-ervilha e vértebras de poste.
Penso...
Penso que poderia tê-la detido;
se houvesse sido firme enfermeira
ou notado o colo do motorista
no que ele burlava o sinal do cruzamento;
e depois à noite,
se mantivesse meu guardanapo à boca;
penso que poderia...
se fosse diferente, ou sábia, ou calma,
ter encantado a mesa,
o tenso repasto ou a mão do crupiê.
Mas está feito.
Tudo já foi gasto.
Não há qualquer dúvida em meio às árvores
esticando seus finos pés sobre a relva seca.
Um ganso canadense alça vôo,
estirado como uma blusa de camurça cinza,
enganchando seu bico no vento de março.
No limiar um gato boceja calmo
em sua pelica azul.
Os pratos principais se serviram e o sol
desacostumado a tudo
segue sempre se pondo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário