segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O documentário só fala de si?


Santiago, João Moreira Salles, 2007


O mesmo discurso de momento transposto para cinema

Hoje a senha entre documentaristas é crer que o documentário é um sistema fechado sobre si. É mais ou menos óbvio, até para o mais empedernido realista, que o documentário - num primeiro momento - é algo que fala de si para si. No entanto, pensar que ele independe de seu assunto é pensar raso. É pensar que o documentário é completamente incapaz de traduzir ou revelar uma realidade.
Fazer documentários sem elaborar mais modelarmente de antemão algumas premissas vem sendo a moeda corrente. Mas, até que ponto isso revela tão-só uma renúncia diante do desafio que é entender os fios da meada e do enleio histórico em que estamos emaranhados?
A forma, sem dúvida importa. Mas não importa mais do que o conteúdo - da qual é a mera extensão (e vice-versa). Na medida em que se despreza a anterioridade do mundo, da realidade a ser "revelada", também se despreza a forma.
E isto é posto com urgência, ao modo de um desabafo. E em conexão evidente com as postagens anteriores.


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