domingo, 16 de novembro de 2008

Uma prosaíssima parábola da escrita


Liam Gillick, Underground (Trailer for a Book), 2004


Se o grão não morre

Com que se assemelha a tarefa do escritor? Com alguém que passa horas jogando o jogo-da-velha sozinho. É evidente que, pela própria lógica do jogo, a maioria das partidas terminará em empates insossos. Mas há aquele momento raro em que consciência e censura baixam a guarda, e então a mão escreve em piloto-automático. É nesses momentos de lapso que a partida desempata, e o jogador vence-se a si mesmo. Por lapso, cansaço, acaso (mesmo que num quadro de vigília e acese - ou seja, de exercício).

É de onde sai a melhor parte de sua escrita. O grão e a mostarda.


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