terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Ensaio Breve Sobre Estilo e o Emprego do Ponto-e-Vírgula


Naum Gabo, 1977



Ensaio Compacto

Nos ensaios, o estilo de Pound é anedota. O de Eliot, provérbio. O de Auden, bonomia. O de Williams, conversa. O de Stevens vem da alma. O de Bishop, paisagem que não se dissocia de estado se espírito. E nenhum deles é tão chato quanto ler má filosofia. Mas todos eles são espelhos da respectiva poesia.


Nota - Estilo é tudo que resta depois de se duvidar da obra toda de um sujeito - ou de se gostar dela sem restritos; cortejando-a no bater de vista do olho. Ou de se pôr o cânone no vinagre. É o que faz o ouvido ouvir. A língua saborear. O olho ver em milagre. [Susan Sontag, via Nietzsche naturalmente, definia o estilo: "a assinatura da vontade do artista"]. A digressão, por exemplo, pode ser um caminho de estilo. Mas se não há terrenos que ela drene, por levar a lugar algum, ao menos ela tente tornar o percurso atraente. Ou, no mais das vezes, não solene. Mas tudo isso, em sua ânsia tradutora, ainda diz muito pouco do que mais falta nos escritores de agora. Por exemplo, para este texto não foi estritamente necessário o emprego do ponto-e-vírgula; embora nunca seja lá muito previsível a demanda desse precioso recurso.


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