quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Sentir com triste maravilha: Montale


Roberto Borsa, s/d



'Meriggiare pallido e assorto'


Meriggiare pallido e assorto

presso un rovente muro d'orto,

ascoltare tra i pruni e gli sterpi

schiocchi di merli, frusci di serpi.


Nelle crepe dei suolo o su la veccia

spiar le file di rosse formiche

ch'ora si rompono ed ora s'intrecciano

a sommo di minuscole biche.


Osservare tra frondi il palpitare

lontano di scaglie di mare

mentre si levano tremuli scricchi

di cicale dai calvi picchi.


E andando nel sole che abbaglia

sentire con triste meraviglia

com'è tutta la vita e il suo travaglio

in questo seguitare una muraglia

che ha in cima cocci aguzzi di bottiglia.


Eugenio Montale



'Fazendo a sesta pálido e absorto'


Fazendo a sesta pálido e absorto

junto a um abrasante muro de horto

e ouvindo sob espinhos arborescentes

chilreios de melros, roçar de serpentes.


Nas fendas do solo e entre as vícias

espiar, das formigas de fogo, as trilhas

que ora se largando, ora com notícias

entrecruzam-se no cimo de serrilhas.


Observar entre frondes o pulsar

longínquo de calípteros do mar

no que se ergue o silvo tremido

de cigarras sobre um morro erodido.


E andando sob o sol que forquilha,

sentir com triste maravilha

como toda a vida e seu capricho

segue em contínuo de muralha

que traz por cima cacos de vidro.




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