quinta-feira, 14 de maio de 2009

Baixo Gávea, Baixo Leblon, Baixa Cultura


[s/i/c]


Hoje no jornal: 84x14 e a iniciação sexual de Airton Monte

De momento, discute-se a reforma da Lei Rouanet de incentivo à cultura. E é bom que seja bem discutida. Dos recursos disponibilizados pela lei, até aqui—e espelhando o desequilíbrio econômico entre as regiões brasileiras—, o Sul e o Sudeste abocanharam 84%. Enquanto isso, as três outras regiões, Nordeste, Norte e Cento-Oeste ficaram com míseros 16%. E, no entanto, ao contrário do que prega o secretário de cultura do Ceará, Auto Filho, hoje, em matéria de O Povo, parece equívoco que se repassem verbas diretamente aos municípios sem a mediação de editais. Sabe-se muito bem o que ocorre se não há um controle, uma auditoria sobre esses recursos. Algum critério ou dispositivo que assegure que essas verbas sejam, de fato, empregadas em cultura. Ou seja, a exemplo de todas as políticas assistencialistas, apenas um volume muito escasso dessas verbas chegará, de fato, a contemplar os propósitos para as quais são destinadas, na ausência de uma estratégia forte de prestação de contas. O grosso volume delas, como historicamente tem sido no caso de flagelos e secas, é afanado pelas oligarquias locais para fins nada nobres. Também me chamou atenção que a discussão em torno de nossa principal lei de incentivo à cultura desperte tão baixo interesse por parte dos leitores de O Povo. A matéria que trata da questão sequer chega ser comentada, enquanto, por exemplo, a crônica em que Airton Monte discorre sobre sua iniciação sexual, despertou um pequeno furor.

Talvez porque às pessoas, a fruição da cultura vem antes dos mecanismos burocráticos que a possibilitam. E nisso nada há de muito errado.



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