quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Eles esmolam ainda, Francisco: Celan

Rodolfo Abularach, 1966





Assisi

Umbrische Nacht.
Umbrische Nacht mit dem Silber von Glocke und Ölblatt.
Umbrische Nacht mit dem Stein, den du hertrugst.
Umbrische Nacht mit dem Stein.

Stumm, was ins Leben stieg, stumm.
Füll die Krüge um.

Irdener Krug.
Irdener Krug, dran die Töpferhand festwuchs.
Irdener Krug, den die Hand eines Schattens für immer verschloss.
Irdener Krug mit dem Siegel des Schattens.

Stein, wo du hinsiehst, Stein.
Lass das Grautier ein.

Trottendes Tier.
Trottendes Tier im Schnee, den die nackteste Hand streut.
Trottendes Tier vor dem Wort, das ins Schloss fiel.
Trottendes Tier, das den Schlaf aus der Hand frisst.

Glanz, der nicht trösten will, Glanz.
Die Toten - sie betteln noch, Franz.

Paul Celan


Assisi

Umbra noite.
Umbra noite com prata de sino de igreja e ramo de oliva.
Umbra noite com a pedra, que aqui carregaste.
Umbra noite com a pedra.

Tosco, o que aflora até vida, tosco.
Reenche os cântaros, vem.

De argila o cântaro.
De argila o cântaro em que as mãos do oleiro sobrefixaram-se.
De argila o cântaro em que mãos uma sombra para sempre encerram.
De argila o cântaro com o selo da sombra.

Pedra, para onde quer que olhes, pedra.
Deixa o asno entrar.

Trotante besta.
Trotante besta na neve, que a mão mais nua espalha.
Trotante besta antes da palavra, que a tranca veda.
Trotante besta, que cai no sono da mão que lhe dá de comer.

Corisco, não confortarás à sombra, corisco.
Os mortos—eles ainda esmolam, Francisco.


* * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário