sábado, 4 de junho de 2011

Sem mato, sem cachorro e um tanto sem gato para caçar pelo cachorro: o Dia dos Nerds

[s/i/c]

Funny but it seems that it's the only thing to do

–Mesmo uns dez dias depois

É engraçado que haja um encontro de nerds. Este ano deu-se em uma das livrarias mega-stores da cidade bem no dia mundial dos geeks [Geek Pride Day, ou Towel Day, 25 de maio]. E lá estavam eles com suas toalhas, que são uma homenagem a Douglas Adams, o autor de O Guia do Mochileiro das Galáxias [The Hitchhiker's Guide to the Galaxy] -- esse romance que começou como peça radiofônica para a BBC e traz em seu próprio princípio a seguinte frase:

This planet has — or rather had — a problem, which was this: most of the people living on it were unhappy for pretty much all of the time.

[Este planeta tem – ou melhor, tinha – um problema, que era o seguinte: a maioria das pessoas que nele vivem era infeliz quase o tempo todo].

Soa como algo esparso, perto de bonito. Expressamente adolescente, no melhor senso, no senso mais positivo do termo, o Dia dos Nerds. E a homenagem a Adams. E tinha muita gente bonita por lá. Por mera coincidência -- para quem acredita em acasos -- estava tomando um café, depois de passar uma vista nos livros e fui dar uma espiada. Nada contra. Mas nerd, por definição, é uma figura entediada, deslocada, avulsa, descolada, meio bicho-do-mato sem mato, sem cachorro e um bocado sem gato pra caçar pelo cachorro: um tanto alheio a bandos – que não virtuais. E, assim, marcar uma convenção de nerds soa um tanto como marcar uma convenção anual de lobos da estepe... Que iriam à convenção para reafirmar: "Olha, vir eu vim , mas o que gosto mesmo é de sossego, solidão, total descompromisso em relação a essas convenções sociais e mais meu notebook, tablet, iphone, livros, quadrinhos e filmes de ficção científica (com certa obsessão por Guerra nas Estrelas) por perto. E, claro, gosto de uma porção de coisas de que outros – especialmente adultos torpes – riem". Esse torto, esse ser meio 'gauche' na vida, como no poema-programa de Drummond, é o que redime os nerds.
Tudo isso, de alguma forma, parece apontar para a deliciosa (e preciosamente kitsch) balada dos Carpenters, da qual se quebrou o verso que dá título à postagem:


Será que há melhor tradução entre breguice, adolescência e uma música extremamente bem arranjada quanto The Carpenters -- e na década que viu vir à luz Guerra nas Estrelas? Feliz Dia dos Nerds! (Com dez dias de atraso).

E, ainda assim, nerds do mundo inteiro: uni-vos!


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