segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Nem sempre lógica


Aconteceu com Manuel, um alemão que havia morado algum tempo em São Paulo, na adolescência, retornado para a Alemanha, e vindo passar um ano em Fortaleza ao fim da graduação. Viera num desses programas de intercâmbio. Era um sujeito de poucas palavras. E opiniões muito próprias. Daquele tipo que pudesse não importunar alguém com uma pergunta, preferia. 
Manuel achava a Brasília, o carro, um prodígio de design ainda maior que Brasília, a capital. E lamentava que não houvesse sido produzido na Alemanha, embora já tivesse saído de linha há algum tempo. Entedia que a cidade ideal uniria a arquitetura de Paris ao cenário natural do Rio. Gostava de surf. Quando em São Paulo, costumava viajar para o litoral norte. Pegar onda em Ubatuba, Caraguatatuba...
Chegado de pouco, veio um feriado. Cansado de pegar marola na Praia de Iracema, decidiu buscar aventuras maiores nos mares cearenses. Pegou a prancha e foi para a rodoviária. Sem muito sistema, com um português um tanto oxidado, guiou-se pelo instinto e algum senso de observação. Estamos em tempos ligeiramente pré-internet. Isso era ainda possível. Um hambúrguer com suco de laranja depois, e divisou um nome: Pacatuba. E foi aí que começou a perder para a mágica das palavras. Ora, se Ubatuba e Caraguatatuba eram puro surf, Pacatuba devia ser a mesma onda, ponderou.
O que não é a lógica alemã!
Comprou passagem. Pôs a prancha no bagageiro. Acomodou-se, satisfeito com a dedução. 

4 comentários:

  1. Talvez só seja possível filosofar em alemão, mas não escolher roteiro turístico...

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  2. cruel ;-)

    (se não fosse o translategoogle...)

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  3. es ist vielleicht, kein 'villeicht', noch.

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