sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A nostalgia do caminho

Lee Ufan, 2009

Andava para cima. Às vezes, para baixo – mas era mais raro. Tinha dos vagabundos a nostalgia dos caminhos. E não só dos vagabundos. Dos loucos. Dos tensos, ansiosos. Dos cheios de desvios. Dos oscilantes entre dois polos. Dos que lutaram em guerras de reconquista contra a demência. Dos completamente desvairados, sem esperança, que tomam sorvete de inadimplência quando o dia vai ao meio. Dos que aprenderam a amar no tempo frágil do sem valor. Dos que quando expiram é o vento nos ramos do jambeiro. E amar aquilo que surge prestes a desaparecer à frente da gente. Feito miragem, escultura efêmera. Assovio. Lua de Saturno. 

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