quarta-feira, 4 de abril de 2012

Artes Marciais numa Passarela



-Até quando?
-Até logo!
Dia desses, uma matéria na TV versava sobre uma turma que tinha aulas de artes marciais numa passarela. A passarela debruçava-se sobre uma movimentada via expressa num bairro de periferia aqui do Forte. As aulas eram no turno da noite. O tom geral da matéria – previsível e complacente, como usa ser em casos assim - era o de elogiar a iniciativa. E ponto. Ficava por isso. Por mesmo isso. Ingênua e mimética como usam ser matérias do genêro nos telejornais locais, essa atingia um paroxismo. Dava para pensar em algo como aquele verso de Bandeira: "pequenina, ingênua miséria".
Não resta dúvida que um professor voluntário dando aulas ao ar livre merece ser destacado. Mas, no caso, não menos o risco permanente que ele e todos os seus alunos correm durante as aulas: despencar lá de cima sobre carros em movimento após um bem aplicado golpe de jiu-jitsu no pé do ouvido. (Pode-se até escutar o grito caindo no vão e sumindo na distância). Além, claro, de um aspecto fundamental, sequer tocado na reportagem: passarela é espaço para circulação.  
E para a circulação de um espécime já com poucas chances na seleção natural das metrópoles brasileiras: os pedestres. Então, esse espaço deve seguir livre e desimpedido. Até por razões de segurança, gentileza, eficácia, respeito, eu gosto etc. Tentasse o professor e seus alunos manter essas aulas no meio da  Av. Washington Soares – uma passarela para carros - e terminariam mortos ou feridos. Presos, no mínimo. 
Um caso assim dimensiona bem a diferença entre passarelas: a dos pedestres, a dos ciclistas, a dos condutores. Ou o quanto pedestres e ciclistas ainda são vistos como amadores ou empecilhos que se movem em meio aos profissionais condutores de automóveis.
Até logo.
Até quando?

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