sexta-feira, 13 de julho de 2012

Num Acesso de Ousadia

O'Connor

eu tinha uma paciente muito contida. o marido havia batido nela. tinha sido humilhada pelos filhos. abusada pelo pai, ainda em criança. aguentava tudo num altruísmo a toda prova. a imaginar que recobrava dignidades. a sua, as da família: 

-e se eu perder a cabeça, doutora? - me perguntou uma vez, num acesso de ousadia.

-infelizmente quem faz essa pergunta nunca perde a cabeça.

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