domingo, 1 de fevereiro de 2009

Inocente de ampliar as florestas do céu: Baquero


Dorothea Lange, 1936




Canción para David Moreno


Alegre como perro de pobre,
Evangelina comía ciruelas;
comía ciruelas,
ciruelas.

Arrojaba los cuescos a lo alto
y ninguno volvía a la tierra.
Luego en los jardines de allá arriba
aparecían brillantes cestos de ciruelas,
verdes ramazones de ciruelas,
y después rojos puntos de ciruelas.

Inocente de ampliar las forestas del cielo,
Evangelina comía ciruelas y ciruelas;
arrojaba los cuescos a lo alto,
ninguno regresaba a la tierra,
pero ella no veía sus milagros.

Y corría por los valles del Mississippi,
alegre como perro de pobre,
mientras comía ciruelas
y ciruelas.

[1959]

Gastón Baquero



Canção para David Moreno



Feliz como cachorro de pobre,
Evangelina comia ameixas;
comia ameixas;
ameixas.

Arrojava as cascas ao alto
e nenhuma volvia à terra.
Logo nos jardins de mais acima
apareciam brilhantes cestos de ameixas,
verdes ramagens de ameixas,
e depois pontos tintos de ameixas.

Inocente de ampliar as florestas do céu,
Evangelina comia ameixas e ameixas;
arrojava as cascas ao alto,
nenhuma volvia à terra,
mas ela não via seus milagres.

E corria pelos vales do Mississippi,
feliz como cachorro de pobre,
enquanto comia ameixas
e ameixas.

[1959]





Nota – a poesia do cubano Gastón Baquero me foi apresentada pelo amigo e editor Francisco dos Santos. Pela Lumme Editor, Santos, em breve, editará uma coletânea de Baquero com tradução coletiva que envolve nomes como os de Wilson Bueno, Ronald Polito, Josely Vianna Baptista, Claudio Daniel, Rodrigo Garcia Lopes, Eduardo Jorge Oliveira, além de uma pequena contribuição nossa.

* * *

Nenhum comentário:

Postar um comentário